Temos ouvido falar cada vez mais dela. A depressão (termo genérico) é assunto na imprensa, nos grupos de whatsapp ou na roda de amigos. Estima-se que até 17% da população mundial possa ser acometida de algum transtorno do humor ao longo da vida1, entre eles o mais comum é o Transtorno Depressivo Maior, um quadro psicopatológico que afeta homens e mulheres de todas as idades.
Ela não é simplesmente uma tristeza, ou uma “ fossa”. Aliás, é bom lembrar que sentir-se triste eventualmente não é necessariamente um sintoma de doença, e que sentimentos ruins podem fazer parte de nossas vidas.
São vários os fatores que levam alguém a desenvolver um episódio depressivo. Hoje se entende que sua ocorrência resulta da interação de fatores sociais, psicológicos, biológicos e ambientais (genética, resposta ao estresse, personalidade, ação de substâncias inflamatórias, entre outros).
Os sintomas são variáveis e podem incluir humor deprimido, desinteresse por atividades habituais, desânimo, lentificação, isolamento, angústia, baixa auto-estima, culpa, desesperança, apatia, solidão, dificuldade para se concentrar, impressão de falhas de memória, alteração de sono, peso, apetite, desejo sexual, pensamentos de morte, de morrer ou de suicídio. A gravidade é variável, o tempo é maior que 2 semanas, e em todos os casos há algum prejuízo ao funcionamento do indivíduo (social, profissional, familiar…).
O diagnóstico é feito após avaliação do médico psiquiatra, que acessa as queixas, formula hipóteses e descarta outras doenças que podem mimetizar o quadro. Algumas vezes são necessários exames laboratoriais e de imagem para descartar estas outras condições (ex.: alterações metabólicas, tóxicas, infecciosas).
O tratamento depende do tipo de depressão (se recorrente, se episódio único ou se outro transtorno de humor), da gravidade, das condições sociais e familiares que o paciente apresenta. Na quase totalidade dos casos, a psicoterapia será indicada, e terá um papel fundamental no reconhecimento de possíveis fatores desencadeantes, mantenedores e estratégias de melhora. Associada à psicoterapia, a farmacoterapia é fortemente recomendada, mais comumente com o uso de medicações antidepressivas, que atuam na transmissão de serotonina, noradrenalina ou dopamina cerebrais. Estas não são medicamentos “tarja preta” e, embora necessitem de acompanhamento e prescrição médicos, são muito seguras. Outras estratégias de tratamento são: exercícios físicos, planos nutricionais específicos e técnicas de neuromodulação (abordaremos em outro momento).
Em todos os casos, uma avaliação bem feita e um plano terapêutico individualizado fazem toda a diferença no prognóstico, trazendo ao paciente grandes chances de melhora, incluindo remissão dos sintomas e recuperação da funcionalidade, sobretudo nos casos em que se inicia o tratamento no início do quadro.